A NOVELA DE 2010 NA PARAÍBA





A maior especulação política da atualidade nas terras tabajaras diz respeito a uma possível aliança entre Cássio Cunha Lima e Ricardo Coutinho para o pleito de 2010 e os desdobramentos possíveis em conseqüência da mesma.

Nos bastidores, sabe-se que há, inclusive, uma luta pela paternidade da idéia da suposta aliança em torno dos dois. Há a expectativa de faturamento futuro em torno de uma idéia que possa levar a uma chapa vitoriosa no próximo pleito e, por conseguinte, no governo daí decorrente.

Por uma questão de justiça, é preciso registrar que quem primeiro elencou essa possibilidade foi o ex-deputado Gilvan Freire, vindo depois alguém "armando" nessa mesma linha, sendo seguido pelos outros representantes da fina flor dos "engenheiros" políticos paraibanos.

Ricardo Coutinho tem tentado dar uma de desentendido, mas sabe que precisará de ajuda para cruzar a ponte de Bayeux e conseguir densidade eleitoral no interior do estado. Que nome poderá agregar mais do que alguém que acabou de obter mais de um milhão de votos no último pleito e não poderá concorrer ao governo ? Além disso, Cássio tem um patrimônio grande de realizações à frente de um governo estadual ao longo dos últimos seis anos. Ao seu favor, o prefeito tem a estrutura inchada da prefeitura de João Pessoa funcionando como o canto da sereia na atração dos apoios à sua candidatura a governador.

Sob a ótica dos partidários do MAGO, contra essa aliança, rugem "xiitas" de Ricardo que não querem "sujar" a imagem, em tese, "imaculada" do prefeito pela companhia de alguém que, pela cartilha do xiitismo ricardista, está mais sujo do que pau de galinheiro. Além disso, eles não são bons de dividir e sabem que se buscarem apoio, terão que dividir as benesses não só entre eles.

Outro aspecto nessa mesma linha, é a dívida de Ricardo para com Maranhão, que deu o seu apoio pessoal e do PMDB à primeira candidatura de Ricardo Coutinho, em 2004. Definitivamente, Maranhão permitiu a desconstrução da candidatura própria do PMDB, sendo decisivo para a vitória de Ricardo. O caudilho tem esse favor na sua prestação de contas e costuma ser bom cobrador.

No âmbito dos maranhistas, sabe-se, embora não se admita, que Maranhão sozinho não tem viabilidade. Terá dificuldades para bancar a campanha já que é, reconhecidamente, avarento, lembrando aquele personagem de Moliére imortalizado pelo saudoso Paulo Autran. Não ter a máquina na mão, faz muita falta numa campanha majoritária e acirrada como promete ser a de 2010. Se conseguir costurar os apoios dos prefeitos de João Pessoa e Campina Grande, é, praticamente, imbatível.

Cássio, por sua vez, é a maior raposa que milita nas selvas da política paraibana. Mostra simpatia ao prefeito constitucional de João Pessoa, paquera, mas não beija. Não se compromete. Dá uma de moça que flerta, mas não fica. Ele sabe que, dificilmente, deixará de ser o dono de uma das duas vagas no Senado Federal. É, talvez, o que menos precisa de "muletas" para atingir o seu objetivo. Só um desastre pode retirar-lhe a vaga de senador.

Do ponto de vista dos cassistas, essa possível aliança é uma blasfêmia, mas sabem que em política tudo é possível. E Cássio é um animal político. É provável que a última coisa que queiram ver seja um dos seus arquiinimigos, leia-se Maranhão e Veneziano, à frente do governo do Estado. Precisam pagar para ver os desdobramentos dessa novela das oito.

Os ciceristas, por sua vez, querem cobrar uma conta de, aproximadamente, duas décadas de fidelidade política aos Cunha Lima, datando desde a época da liderança do poeta Ronaldo. Recorrem ao passado para relembrar um suposto convite de Maranhão a Cícero para que fosse o candidato do seu grupo enfrentando o representante do clã Cunha Lima, que foi rechaçado, de pronto. Uma das qualidades de Cícero é a sua fidelidade ao grupo do qual faz parte, embora, em alguns momentos, por conta das especulações, imagino que tenha ficado com a pulga atrás da orelha, com a sensação de marido traído tal qual Bentinho de Capitu.

Cícero bancou e pagou muito cara a conta da eleição apertada de Cássio, em 2002. É bem verdade que Cássio retribuiu o favor quando deu todo o suporte e arrastou Cícero para a vitória, apesar de baleado e sangrando muito por conta da batalha da Confraria. Ninguém em sã consciência pode negar que esse apoio foi decisivo e, praticamente, garantiu a Cícero o direito de passear pelo céu do Senado Federal por oito anos. A candidatura de Cícero não tem nada a perder. No pior caso, terá mais quatro anos de Senado e um nome forte para a reeleição quatro anos depois.

Ney Suassuna poderia ser o senador se não tivesse sido tratado como um cão sarnento por Maranhão e os seus. Fala-se, nos bastidores, que o Senador teria sido convencido a agir dessa forma por um "marketeiro" e pela ação jeitosa de um candidato eleito da sua coligação interessado em herdar os votos do então candidato sobrinho Benjamim Maranhão. Para livrar-se de Ney, cortou na própria carne, oferecendo o sobrinho como exemplo o que não convenceu Ney, que foi até o fim da peleja com a sua candidatura. A idéia básica era a de que poderia colher dividendos eleitorais afastando-se daqueles que estariam supostamente envolvidos no escândalo das ambulâncias. No caso do "trator Suassuna", a derrota e a mudança de lado em Campina, podem custar caro, literalmente.

No grupo Cunha Lima ainda, temos o Senador Efraim Moraes, que não tem se comportado como candidato nos últimos anos. Tem agido como se fosse ator coadjuvante e não protagonista. É bem verdade que, recentemente, alardeou ser candidato ao governo. Em nossa avaliação, tardiamente, mas não se pode desconsiderar a capacidade de articulação de Efraim o que, no mínimo, pode render-lhe um retorno ao Senado. Wilson Braga já provou desse veneno e não gostou.

Resta uma incógnita chamada Veneziano Vital do Rego que está todo assanhado, na plenitude da sua juventude, sonhando com o Palácio da Redenção. Nos últimos anos, tem feito um esforço danado para obter visibilidade para além de Campina. Sabe que há sombras de incerteza para o futuro e talvez, semelhante, ao caso de Ricardo, tenha que aproveitar o seu melhor momento. Leva uma vantagem substancial sobre Ricardo por conta da habilidade política. O seu dilema é ser partidário, fiel ou dar vazão à ambição e ao projeto pessoal.

Correndo por fora em termos de Senado, fala-se em Wellington Roberto e Wilson Santiago disputando a segunda vaga para senador. São duas raposas que, segundo dizem, fazem política com abundância o que não pode ser menosprezado em um estado como o nosso. Ainda para a senatória, um nome que não pode ser descartado nessa disputa é o do deputado Luiz Couto, que tem sido estimulado por alguns dentro do seu partido de olho na sua vaga de federal.

O resultado desse tabuleiro da política paraibana vai depender, principalmente, da capacidade de articulação e de renúncia de cada um dos personagens desse jogo de xadrez, onde cada ação, certamente, deverá gerar uma reação no campo oposto.

Senhoras e Senhores, as cartas estão postas, façam as suas apostas. Quem está blefando ? Quem tem jogo para mostrar ? Quem se comporá com quem ? Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

Comentários

  1. A politica paraibana está se tornando cada vez mais um cenário de previsível demais. Tedioso se torno ver que não há uma renovação e as mesmas lideranças se impõem pela pecúnia indefinidamente.

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  2. Por que não podemos dar um choque de credibilidade nesta situação, formando uma aliança com o povo?

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