CLIMA DE GUERRA NA SALA DE AULA
Vivemos em uma
sociedade que se demonstra claramente incompetente para estabelecer limites
para uma juventude cada vez mais clamorosa por liberdades sem a natural
assunção das suas consequências. Estamos perdidos na tarefa de educar nossos filhos e alunos. A luta pela
sobrevivência e pela garantia das “necessidades” impostas por uma sociedade de
consumo, nos leva ao fundo do poço na árdua tarefa de formar as gerações
futuras. Há apenas algumas décadas, os pais tinham mais tempo para dedicar à
criação das suas proles. Hoje, as crianças estão por conta própria, em creches
ou nas mãos de babás ou profissionais congêneres. Simplesmente os pais não têm
mais tempo para dedicar ao acompanhamento do crescimento dos seus filhos.
Nesse
contexto, observa-se uma crescente complexidade na relação docente-discente que
vem desafiando educadores na difícil
tarefa de fazer com que tenhamos parâmetros justos de compreensão, métricas
corretas de avaliação, critérios razoáveis que balizem um relacionamento decente
e produtivo entre os dois lados integrantes do processo ensino-aprendizagem.
São cada vez
mais comuns os desencontros dentro e fora das salas de aula, que têm gerado
violência e tensão em uma relação que deveria ser amigável e de companheirismo.
Não há respeito mútuo na relação entre mestres e educandos ao ponto de sermos chocados
por atos violentos de lado a lado, sendo
comum, com a universalização da Internet, tomarmos conhecimento de agressões de ambos os
lados da relação. Uma dessas agressões brutais foi a aplicação de um soco de
direita por um adolescente em uma indefesa professorinha sexagenária, que foi a
nocaute sem a menor chance de defender-se. Outro fato que ocupou as manchetes
dos portais e jornais foi a humilhação que uma professora de uma universidade
federal impôs a uma de suas alunas durante uma aula. Os relatos de agressões e
conflitos são incontáveis.
Um dos principais
desdobramentos desse clima conflituoso é a piora dos índices de aprendizagem. Esse
desempenho pífio é atestado pelo desempenho dos estudantes brasileiros nos
testes internacionais da OCDE, tais como o PISA. Temos figurado sempre entre os últimos colocados nos testes de
leitura, matemática e ciências. Notícia recente da UOL (http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/03/18/redacoes-nota-maxima-no-enem-tem-erros-como-enchergar-e-trousse.htm?cmpid=ctw-educacao-news) dá conta de que redações que obtiveram notas
máximas na redação do ENEM continham erros grosseiros de português, permitindo
inferir que as correções das redações deixam muito a desejar até mesmo em uma
ferramenta governamental que serve de instrumento de acesso para as
universidades públicas.
Precisamos de
uma cruzada pela educação para que possamos construir o Brasil do futuro o
quanto antes. Esse processo de construção de um Brasil melhor passa pelo resgaste da dignidade da profissão
docente. Os governos nas diversas esferas de gestão precisam acabar com a
cultura de fazer de conta que tudo está bem, enquanto os nossos professores são
agredidos, maltratados e nossos jovens praticam o desrespeito e o descaso com o
seu futuro.
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