A PARÁBOLA DOS PORCOS-ESPINHO

Era uma família de porcos-espinho comum, igual a qualquer outra existente nesse mundão do  meu Deus.  Essa família de porcos-espinho era composta pelos pais e três filhos, dois machos e uma fêmea.
Foram relativamente bem criados, educados com todo cuidado e atenção pelos seus pais, embora todo esse cuidado não tenha conseguido lidar de forma adequada com alguns aspectos da  carga genética transmitida para sua prole.
O maior problema era justamente a marca maior da família: eram porcos-espinho. Quanto mais juntos eles tentavam estar, mais se feriam, machucando-se uns aos outros de forma intencional ou não.
Essas feridas causadas pelos próprios membros da família eram dolorosas, muitas delas profundas e difíceis de cicatrizar, levando, às vezes, meses e até mesmo anos para serem curadas.
Os pais porcos-espinho não souberam ensinar aos seus filhos como conviverem próximos sem causarem ferimentos uns aos outros. Os filhos cresceram e não foram inteligentes o suficiente para lidar de forma adequada com a sua carga genética negativa de serem quem são.
A solução encontrada, quase sempre, era a de cada um cuidar de si mesmo e manter-se afastado dos demais membros da família para evitar sofrer e trazer sofrimento aos demais.
O inverno chegou e todos sofriam com o frio, o isolamento e falta de cooperação entre os porcos-espinho. Ficavam observando os outros animais que sabiam bem tirar proveito dos laços de sangue e do fato de estarem em grupo. Esses outros animais enfrentavam as intempéries do inverno, amontoando-se uns sobre os outros, trocando calor para fugir do frio. Quando eram atacados por predadores, lutavam todos juntos contra os inimigos até que os adversários fossem expulsos ou vencidos.

Infelizmente, nessa vidinha de porco-espinho, quem não sabe aparar seus espetos  e dominar sua genética ruim, morre de frio e sozinho.



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