NÃO MENOSPREZEM OS CHINESES
A civilização ocidental sempre tentou impor uma ideia de supremacia cultural, científica e militar sobre os povos orientais. Seguindo esse roteiro, os livros de História produzidos no ocidente, via de regra, omitem muitos detalhes históricos que poderiam demonstrar que essa superioridade talvez nunca tenha existido.
O caminho para o oriente já existe há milhares de anos, tendo sido usado por aventureiros, peregrinos, comerciantes, religiosos, reis e soldados, percorrendo mais de sete mil quilômetros do seu percurso, que eram trilhados em busca de alcançar os territórios chineses, que ofereciam uma diversidade de produtos, destacando-se as ervas aromáticas, os perfumes e os famosos tecidos de seda.
A Rota da Seda foi popularizada entre os ocidentais através da viagem do italiano Marco Pólo, que entre 1275 e 1295, percorreu esse caminho em busca de oportunidades comerciais, tendo chegado até à China, na corte do imperador, conforme o livro de Jean-Pierre Drege, MARCO POLO E A ROTA DA SEDA (2002). Registre-se que a Rota da Seda mudou arrebatadoramente os rumos da economia da Europa medieval e Feudal, transformando-a com o comércio das chamadas especiarias. Nesse sentido, saliente-se ainda que a colonização da América, o novo mundo, deu-se quando os navegadores ibéricos buscavam equivocadamente atingir o Oriente.
A importância dos orientais, notadamente os chineses, é muitas vezes mascarada pelos tradicionais relatórios anuais que apontam as maiores empresas do mundo. A revista Época Negócios em sua edição de outubro de 2019, publicou uma lista com as 15 maiores empresas do mundo, tendo 11 empresas americanas, 2 alemães, 1 coreana e uma japonesa. A única empresa chinesa na lista das 100 maiores é a HUAWEI, ocupando a 74º posição do ranking. Mesmo assim, a China é a 2ª economia do mundo, tendendo a chegar ao topo do ranking em poucos anos.
A pandemia do COVID-19 demonstrou claramente a importância da indústria chinesa quando vários países tiveram que parar a sua produção industrial porque a China, em quarentena, parou a sua fabricação de insumos impondo uma paralisação forçada ao mundo fabril. No Brasil, mais de 80% de setores como informática, eletrodomésticos, telecomunicações, dentre outros, foram forçados a parar por falta de componentes essenciais para a fabricação dos seus produtos. Até a aquisição de itens básicos para o enfrentamento da pandemia, tais como máscaras e respiradores, produtos sem maiores exigências tecnológicas para fabricar, passa pelos chineses! Temos que ficar mandingando na fila.
Antes disso, o presidente Trump, acusando o golpe na balança comercial americana, impôs sobretaxas às importações chinesas, tentando impor uma nova condição nas suas relações comerciais com os chineses, criando uma queda de braço de vários meses, que só foi resolvida parcialmente com concessões bilaterais.
Os chineses estão comprando prédios históricos famosos, terras, hidrelétricas, veículos de comunicação e participações em empresas pelo mundo todo, criando uma rede de influência que se expande rápida e silenciosamente, consolidando uma verdadeira dependência mundial para com a China.
Jon Stewart, um famoso comediante e apresentador de TV norte-americano, segundo o livro ALIBABA, de Duncan Clark (2019), disse uma frase mordaz que reflete bem o que está acontecendo: “Os comunistas nos venceram no capitalismo”. Um pensamento digno de causar um verdadeiro estremecimento no caixão de Karl Marx.
Enquanto isso, autoridades do governo brasileiro, desconectadas da nova realidade, têm feito declarações infelizes e preconceituosas sobre a China e os chineses, provocando a ira do povo e do governo daquele país, que gera uma balança comercial favorável anualmente ao Brasil na ordem de 30 bilhões de dólares.
Há alguns anos, fomos orientados e orientávamos nossos filhos para obrigatoriamente aprenderem o inglês para terem uma perspectiva de futuro profissional melhor, orientando-os adicionalmente para estudarem o espanhol ou o francês como idiomas complementares.
Em tempos de supremacia chinesa, estou fazendo a cabeça dos meus filhos para estudarem mandarim para que possam se comunicar mais e melhor com os novos donos do mundo.
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