QUAL A EDUCAÇÃO QUE ESTAMOS OFERTANDO ÀS NOSSAS CRIANÇAS NAS ESCOLAS PÚBLICAS DA CIDADE DE JOÃO PESSOA?


           É vital colocarmos luz sobre aspectos importantes da gestão da nossa cidade, sendo um dos mais importantes a área de educação, tendo como foco a qualidade de ensino.

            Segundo a SEDEC (Secretaria de Educação e Cultura de João Pessoa), temos 101 (cento e uma) escolas de ensino fundamental, que são distribuídas em 9 polos gerenciais.

           O IBGE contabiliza, no ano de 2018, na cidade João Pessoa, a  matrícula de 94.355 (noventa e quatro mil, trezentos e cinquenta e cinco) alunos no ensino fundamental e 13.747 (treze mil setecentos e quarenta e sete) alunos no ensino pré-escolar. A evolução das matrículas nos últimos anos pode ser vista no gráfico a seguir:



Observe-se no gráfico do IBGE que nos últimos 15 anos houve um decréscimo de alunos matriculados de cerca de 40.000 (quarenta mil)  alunos, passando de 130.000 (cento e trinta mil alunos) em 2005 para pouco mais de 90.000 alunos, em 2018. Esses números de 2018 implicam também em uma média de 934 alunos (novecentos e trinta e quatro) alunos em cada escola pública de João Pessoa.

O site da SEDEC traz a informação que 20 das escolas municipais são “Totalmente Integrais” e que 11 escolas são semi-integrais, significando quase 20% integrais e 11% semi-integrais, respectivamente. Por dever de ofício, deve-se se salientar que o marketing tem tentado usar equivocadamente o ensino integral como a panaceia para todos os problemas da educação, funcionando como um canivete suíço dos marqueteiros na área educacional. Fala-se pouco de qualificação docente, de remuneração decente, de incentivo à busca da excelência, de projeto pedagógico atualizado e futurista e outras coisas mais importantes do que a simples ideia do ensino integral, que precisa de um projeto decente senão será um mero instrumento de publicidade.

            Na busca de subsídios para avaliar o trabalho desenvolvido pela Prefeitura de João Pessoa na área de educação, deparamo-nos com o relatório do Plano de Ação João Pessoa Sustentável, que foi elaborado na gestão Luciano Cartaxo, fazendo um diagnóstico da qualidade da educação ofertada às crianças pessoenses, que antes de tudo é uma confissão:

Em relação à educação básica, João Pessoa apresenta níveis baixos, tanto de crianças matriculadas na escola, quanto na pré-escola, particularmente em regime integral. Os indicadores para essa fase de aprendizagem indicam que, para o ensino pré-escolar (três a cinco anos) e ensino fundamental I (de seis a 11 anos) tem-se, respectivamente, 31,8% da população atendida e o segundo 81,2%. Fonte: http://www.joaopessoa.pb.gov.br/secretarias/uep/plano-de-acao-sustentavel/

            Esse mesmo documento apresenta ainda os resultados da proficiência dos alunos do ensino fundamental da rede municipal de João Pessoa em Língua Portuguesa e Matemática:




   São indicadores alarmantes que mostram a falência da educação no ensino fundamental em nossa cidade, expondo a ênfase sendo dada em outras áreas ou em ações que não geram como consequência do processo educacional a formação cidadã e integral das nossas crianças.
         
      Na busca de mais fundamentação, achamos o site da Startup da fundação Lemman, a QDU, que faz o acompanhamento da qualidade do ensino no Brasil, disponibilizando análises sobre os dados mais recentes dos resultados do Ideb e os indicadores de aprendizado (Prova Brasil) para cada escola do Brasil, como também de João Pessoa.

A análise da Startup  QDU classifica as escolas, em função do seu desempenho nesses exames oficiais, nos seguintes níveis:

            ALERTA – a escola não avançou no seu IDEB, não atingiu a sua meta estabelecida e a sua nota está abaixo de 6,0;
            ATENÇÃO – a escola não atingiu a sua meta ou a escola reduziu o seu IDEB;
          
         MELHORAR – a escola atingiu a sua meta estipulada, mas ainda precisa superar o IDEB 6,0;
          MANTER – a escola aumentou o seu IDEB, alcançou a meta estabelecida e superou  o IDEB 6,0.
            O resultado das avaliações aplicadas nas séries iniciais do ensino fundamental das escolas municipais de João Pessoa resultou em um IDEB de 4,9 (quatro, nove) pontos, podendo ser visto o resultado final nos gráficos a seguir:

Observe-se que nos anos iniciais apenas 5,6 (cinco, seis) por cento das escolas atingiram resultados positivos, enquanto que 94,4% (noventa e quatro, quatro) por cento foram classificados como em estado de alerta, atenção ou precisando melhorar.

O resultado obtido pelos alunos dos anos finais do ensino fundamental das escolas municipais de João Pessoa é ainda mais desalentador, resultando em um IDEB 4,0 (quatro, zero) pontos, podendo ser visto um resumo no gráfico a seguir:


       Observe-se que nenhuma escola da rede municipal de João Pessoa, nos anos finais do ensino fundamental, obteve o IDEB maior ou igual a 6,0, tendo 100% das escolas nas condições desfavoráveis de alerta, atenção ou melhorar.
         
   Para fins de comparação, podemos dizer que nos anos iniciais, o Brasil como um todo tem uma média no IDEB de 5,6 (cinco, seis) e nos anos finais, 4,3 (quatro, três) pontos, devendo ser realçado que que ambas as médias nacionais estão acima das suas correspondentes em João Pessoa.

O resultado para os anos finais é ainda mais preocupante, apontando 100% das escolas municipais como em estado de alerta, atenção ou precisando melhorar. Esse resultado mais deficiente nas séries finais comprova que o ENSINO FUNDAMENTAL do município de João Pessoa precisa ser repensado para que possamos oferecer educação de qualidade para quem precisa. O aluno concluinte ter desempenho inferir ao ingressante, leva-nos a concluir que o aluno que passa por todo o ciclo do ensino fundamental de João Pessoa, desaprende.

Cuidado com a propaganda oficial, algumas vezes inescrupulosa e mentirosa, que vende a ideia de quem tudo está às mil maravilhes, mostrando aspectos meramente físicos obtidos em obras, muitas vezes, superfaturadas, buscando dar a falsa ideia de modernidade e qualidade, mas que na verdade, no subterrâneo das escolas, impera o caos. Vi casos de escolas premiadas em países como a China na qual os alunos assistem aula em condições bastantes precárias. Não advogo que escola pública deva ser um lixo. Muito pelo contrário, boa estrutura pode ajudar a criar um clima favorável. Devo salientar que eu estudei a vida toda na escola pública.

Para não dizer que não ofereci soluções, proponho o compromisso dos futuros gestores municipais no sentido de administrarem a educação de João Pessoa como se seus filhos fossem ter que estudar obrigatoriamente na rede municipal. Não defendo essa obrigatoriedade para não criar um constrangimento para os filhos dessas pessoas e também para não propor uma medida antidemocrática e de força, contrariando a liberdade de escolha dessas famílias.

Temos que concordar que é muito fácil praticar falácias sobre a qualidade do ensino do município quando os filhos dos mandatários estudam nas boas e caras escolas da rede privada da cidade, enquanto o filho do trabalhador tem que ficar na escola de IDEB sofrível.

Tristemente, é preciso registrar que existe uma relação direta entre as deficiências de aprendizagem, a evasão escolar, a baixa escolaridade e a condição de estar no presídio cumprindo pena. Na Paraíba, segundo o INFOPEN-MJ (https://www.justica.gov.br/news/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen-nesta-terca-feira/relatorio-depen-versao-web.pdf), 77% (setenta e sete por cento) dos apenados têm até o ensino fundamental incompleto e 100% têm até o ensino médio completo.


Fazendo uma analogia, é fácil mandar o concidadão para o PSF e para UPA quando ao menor sinal de doença, os gestores vão para o famoso e caríssimo Sírio-Libanês em São Paulo, pagando diárias de milhares de reais.

Destaco ainda que não estou fazendo nenhuma crítica aos valorosos profissionais de educação e sim à gestão da educação de João Pessoa que desperdiça centenas de milhões de reais e põe em risco o futuro das nossas crianças.

Precisamos mobilizar todos pela educação de qualidade em João Pessoa. Está aberta a discussão e conto com a sua contribuição.






















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