QUAL A EDUCAÇÃO QUE ESTAMOS OFERTANDO ÀS NOSSAS CRIANÇAS NAS ESCOLAS PÚBLICAS DA CIDADE DE JOÃO PESSOA?
É vital colocarmos luz sobre aspectos importantes da gestão
da nossa cidade, sendo um dos mais importantes a área de educação, tendo como
foco a qualidade de ensino.
Segundo
a SEDEC (Secretaria de Educação e Cultura de João Pessoa),
temos 101 (cento e uma) escolas de ensino fundamental, que são distribuídas em
9 polos gerenciais.
Observe-se no gráfico do IBGE que
nos últimos 15 anos houve um decréscimo de alunos matriculados de cerca de
40.000 (quarenta mil) alunos, passando de
130.000 (cento e trinta mil alunos) em 2005 para pouco mais de 90.000 alunos,
em 2018. Esses números de 2018 implicam também em uma média de 934 alunos (novecentos
e trinta e quatro) alunos em cada escola pública de João Pessoa.
Na busca de subsídios
para avaliar o trabalho desenvolvido pela Prefeitura de João Pessoa na área de
educação, deparamo-nos com o relatório do Plano
de Ação João Pessoa Sustentável, que foi elaborado na gestão Luciano
Cartaxo, fazendo um diagnóstico da qualidade da educação ofertada às crianças
pessoenses, que antes de tudo é uma confissão:
Em
relação à educação básica, João Pessoa apresenta níveis baixos, tanto de
crianças matriculadas na escola, quanto na pré-escola, particularmente em
regime integral. Os indicadores para essa fase de aprendizagem indicam que,
para o ensino pré-escolar (três a cinco anos) e ensino fundamental I (de seis a
11 anos) tem-se, respectivamente, 31,8% da população atendida e o segundo
81,2%. Fonte: http://www.joaopessoa.pb.gov.br/secretarias/uep/plano-de-acao-sustentavel/
São indicadores alarmantes que
mostram a falência da educação no ensino
fundamental em nossa cidade, expondo a ênfase sendo dada em outras áreas ou
em ações que não geram como consequência do processo educacional a formação
cidadã e integral das nossas crianças.
Na busca de mais
fundamentação, achamos o site da Startup da
fundação Lemman, a QDU,
que faz o acompanhamento da qualidade do ensino no Brasil, disponibilizando
análises sobre os dados mais recentes dos resultados do Ideb e os indicadores de aprendizado (Prova Brasil) para cada escola do
Brasil, como também de João Pessoa.
A análise da Startup QDU classifica as escolas, em função do seu desempenho nesses exames
oficiais, nos seguintes níveis:
ALERTA – a escola não avançou no seu IDEB, não
atingiu a sua meta estabelecida e a sua nota está abaixo de 6,0;
ATENÇÃO – a escola não atingiu a sua meta ou a
escola reduziu o seu IDEB;
MELHORAR – a escola atingiu a sua meta
estipulada, mas ainda precisa superar o IDEB 6,0;
MANTER – a escola
aumentou o seu IDEB, alcançou a meta estabelecida e superou o IDEB 6,0.
O resultado das avaliações aplicadas
nas séries iniciais do ensino fundamental das escolas municipais de João Pessoa
resultou em um IDEB de 4,9 (quatro, nove) pontos, podendo ser visto o resultado
final nos gráficos a seguir:
Observe-se que nos anos
iniciais apenas 5,6 (cinco, seis) por cento das escolas atingiram resultados
positivos, enquanto que 94,4% (noventa e quatro, quatro) por cento foram
classificados como em estado de alerta, atenção ou precisando melhorar.
O
resultado obtido pelos alunos dos anos finais do ensino fundamental das escolas municipais de João Pessoa é ainda
mais desalentador, resultando em um IDEB 4,0 (quatro, zero) pontos, podendo ser
visto um resumo no gráfico a seguir:
Observe-se que nenhuma escola
da rede municipal de João Pessoa, nos anos finais do ensino fundamental, obteve
o IDEB maior ou igual a 6,0, tendo 100% das escolas nas condições desfavoráveis
de alerta, atenção ou melhorar.
Para fins de comparação, podemos dizer que nos anos
iniciais, o Brasil como um todo tem uma média no IDEB de 5,6 (cinco, seis) e
nos anos finais, 4,3 (quatro, três) pontos, devendo ser realçado que que ambas
as médias nacionais estão acima das suas correspondentes em João Pessoa.
O
resultado para os anos finais é ainda mais preocupante, apontando 100% das
escolas municipais como em estado de alerta, atenção ou precisando melhorar.
Esse resultado mais deficiente nas séries finais comprova que o ENSINO FUNDAMENTAL do município de João
Pessoa precisa ser repensado para que possamos oferecer educação de qualidade
para quem precisa. O aluno concluinte ter desempenho inferir ao ingressante,
leva-nos a concluir que o aluno que passa por todo o ciclo do ensino
fundamental de João Pessoa, desaprende.
Cuidado com a propaganda oficial,
algumas vezes inescrupulosa e mentirosa, que vende a ideia de quem tudo está às
mil maravilhes, mostrando aspectos meramente físicos obtidos em obras, muitas
vezes, superfaturadas, buscando dar a falsa ideia de modernidade e qualidade,
mas que na verdade, no subterrâneo das escolas, impera o caos. Vi casos de
escolas premiadas em países como a China na qual os alunos assistem aula em
condições bastantes precárias. Não advogo que escola pública deva ser um
lixo. Muito pelo contrário, boa estrutura pode ajudar a criar um clima favorável.
Devo salientar que eu estudei a vida toda na escola pública.
Para
não dizer que não ofereci soluções, proponho o compromisso dos futuros gestores
municipais no sentido de administrarem a educação de João Pessoa como se seus
filhos fossem ter que estudar obrigatoriamente na rede municipal. Não defendo
essa obrigatoriedade para não criar um constrangimento para os filhos dessas
pessoas e também para não propor uma medida antidemocrática e de força,
contrariando a liberdade de escolha dessas famílias.
Temos
que concordar que é muito fácil praticar falácias sobre a qualidade do ensino
do município quando os filhos dos mandatários estudam nas boas e caras escolas
da rede privada da cidade, enquanto o filho do trabalhador tem que ficar na
escola de IDEB sofrível.
Tristemente,
é preciso registrar que existe uma relação direta entre as deficiências de
aprendizagem, a evasão escolar, a baixa escolaridade e a condição de estar no
presídio cumprindo pena. Na Paraíba, segundo o INFOPEN-MJ (https://www.justica.gov.br/news/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen-nesta-terca-feira/relatorio-depen-versao-web.pdf),
77%
(setenta e sete por cento) dos apenados têm até o ensino fundamental incompleto
e 100% têm até o ensino médio completo.
Fazendo
uma analogia, é fácil mandar o concidadão para o PSF e para UPA quando ao menor
sinal de doença, os gestores vão para o famoso e caríssimo Sírio-Libanês em São
Paulo, pagando diárias de milhares de reais.
Destaco
ainda que não estou fazendo nenhuma crítica aos valorosos profissionais de
educação e sim à gestão da educação de João Pessoa que desperdiça centenas de milhões
de reais e põe em risco o futuro das nossas crianças.
Precisamos
mobilizar todos pela educação de qualidade em João Pessoa. Está aberta a
discussão e conto com a sua contribuição.
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