O QUE ESPERAR DEPOIS DE MAIS UMA CRISE CÍCLICA DO CAPITALISMO?
A grande maioria dos economistas é
unânime em avaliar que a crise é inerente ao sistema capitalista. Se nos
debruçarmos sobre os últimos 33 anos, vamos encontrar várias crises vividas
pelo capitalismo mundial em maior ou menor grau, mas que afetaram o sistema
como um todo.
A diferença entre essas crises, na
maioria das vezes, é a origem geográfica do problema, tendo diferença se veio
da periferia ou do centro do centro do capitalismo mundial: Os Estados Unidos
ou China. O demais, é praticamente tudo igual.
Para entendermos melhor esse processo
e a relação entre a crise e sua recuperação, vamos relembrar as últimas 10 crises
econômicas mundiais, suas origens e seus desdobramentos:
1) Crise Mundial - 1987 - A crise de outubro de 1987 foi uma crise típica do mercado de
capitais que após cinco anos de crescimento contínuo, desabou na Bolsa de Nova
York na chamada "segunda feira negra", despencando mais de 22% e
repercutindo pelas outras bolsas de valores pelo mundo afora. Durante o mê s de
outubro desse ano, as bolsas de 19 dos 23 países mais industrializados do mundo
despencaram mais de 20%. A crise de 1987 foi atribuída à supervalorização das
ações, à queda do dólar e ao aumento do déficit americano. Em setembro de 1989,
o mercado acionário mundial mostrou sinais claros de recuperação. O principal
desdobramento dessa crise foi a introdução do do "circuit breaking",
uma interrupção do funcionamento das transações nas bolsas de valores em caso
de grandes oscilações.
3) Crise Mexicana - 1995 - Essa crise começou na verdade em dezembro de 1994 quando o recém eleito presidente Ernesto Zedillo anunciou uma maxidesvalorização do peso mexicano após um longo período de câmbio fixo. Na origem da crise, estava o excessivo gasto público, o grande volume de empréstimos bancários viabilizados pelos juros baixos, queda do preço do petróleo no mercado mundial. Esse cenário criou um clima de desconfiança em relação ao México e fez com os investidores internacionais deixassem de financiar a rolagem da dívida externa mexicana, gerando de imediato um aumento do dólar em relação ao peso de quase 100%. No Brasil, o desdobramento dessa crise no México ficou conhecido como efeito "tequila". O governo americano e o FMI trataram de viabilizar reforço de 50 bilhões de dólares em empréstimos para o México. Esse empréstimo estabilizou a cotação do dólar e evitou a moratória mexicana, permitindo que o México alcançasse a recuperação em 1997, pagando o empréstimo de 50 bilhões antecipadamente.
5) Crise Russa - 1998 - A crise russa surgida em agosto de 1998,
caracterizando-se como um desdobramento imediato da crise asiática por conta
principalmente da redução da procura e aquisição do petróleo russo que é uma
das mais importantes fontes de divisas advindas da sua exportação. O contexto
da crise estava embasado em um grande déficit fiscal, despesas desnecessárias
com a guerra da Chechênia, altas taxas de juros (superiores a 150%), queda na
arrecadação de impostos e naturalmente dificuldades para honrar compromissos
públicos, atrasos de mais de 12 bilhões de dólares em salários e greves
generalizadas. O FMI e o Banco Mundial chegaram com um suporte da ordem de 22
bilhões de dólares e mesmo assim a bolsa de valores entrou em colapso, o rublo
caiu para um terço do valor original, a inflação chegou a 48% ao ano e vários
bancos quebraram. O cenário começou a mudar em 1999 com o aumento do preço do
barril do petróleo, permitindo o início da recuperação econômica e o
reaquecimento do mercado interno. A crise foi contornada em 2000.
6) Brasil - 1999 - A crise brasileira vem como um desdobramento das
duas grandes crises anteriores (asiática e russa) e da grande desvalorização do
real frente ao dólar, após vários anos de manutenção da paridade cambial com a
moeda norte-americana. As consequências disso: problemas com os contratos
indexados ao dólar feitos por particulares e empresas, dificuldades de manter
as importações de máquinas e equipamentos, crescimento do desemprego. Após os
momentos iniciais, o governo passou a reduzir os juros e a recompor as reservas
cambiais. O país passou a dar sinais claros de recuperação em 2000, conseguindo
superar mais essa crise.
7) Argentina - 2000 - A Argentina foi o primeiro país da América
Latina a adotar a paridade cambial com o dólar e a tomar medidas liberalizantes
no início do anos 90 no governo Menem. Por ser um país emergente, a Argentina
sofreu as consequências das crises asiática, russa e do Brasil, sendo claro
que, em geral, quando um desses países espirra, o outro gripa. O contexto
argentino em 2000 era de aumento do desemprego, crescimento da pobreza e a cobrança
de grandes taxas de juros. O FMI interviu com um empréstimo de 40 bilhões de
dólares. Em 2001, a Turquia entrou em crise, respingando na Argentina.
Protestos de rua, cortes de salários, bloqueio de depósitos bancários
("corralito"), afastamento do presidente De la Rúa e de 3 sucessores
dele na presidência em menos de um mês. Implementou-se um lento processo de
desdolarização da economia. A posse de Kirchner, em 2003, permitiu a negociação
com os credores de condições mais favoráveis, viabilizando uma recuperação que
se concretizou apenas em 2006.
A diferença entre essas crises, na
maioria das vezes, é a origem geográfica do problema, tendo diferença se veio
da periferia ou do centro do centro do capitalismo mundial: Os Estados Unidos
ou China. O demais, é praticamente tudo igual.
Para entendermos melhor esse processo
e a relação entre a crise e sua recuperação, vamos relembrar as últimas 10 crises
econômicas mundiais, suas origens e seus desdobramentos:
1) Crise Mundial - 1987 - A crise de outubro de 1987 foi uma crise típica do mercado de
capitais que após cinco anos de crescimento contínuo, desabou na Bolsa de Nova
York na chamada "segunda feira negra", despencando mais de 22% e
repercutindo pelas outras bolsas de valores pelo mundo afora. Durante o mê s de
outubro desse ano, as bolsas de 19 dos 23 países mais industrializados do mundo
despencaram mais de 20%. A crise de 1987 foi atribuída à supervalorização das
ações, à queda do dólar e ao aumento do déficit americano. Em setembro de 1989,
o mercado acionário mundial mostrou sinais claros de recuperação. O principal
desdobramento dessa crise foi a introdução do do "circuit breaking",
uma interrupção do funcionamento das transações nas bolsas de valores em caso
de grandes oscilações.
2) Crise Argentina - 1991 – No fim
dos anos 80, a Argentina começou a enfrentar a recessão e a hiperinflação. Em
1988, o Produto Interno Bruto (PIB) argentino - soma de todas as riquezas
produzidas no país - caiu 1,9%. Em 1989, a queda chegou a 6,2%. A inflação em
1988 foi de 348%. No ano seguinte, chegou perto de 3.100%. A situação era
ingovernável e levou à queda do presidente Raúl Alfonsín, que entregou a presidência
a Carlos Menem, em 1990. As medidas do governo Menem no ano de 1990 não
surtiram efeito, levando a inflação a 2.300% ao ano! O falecido ministro
Domingo Cavallo idealizou o plano de Conversibilidade, que derrotou a inflação
que caiu em 1991 para 173% e em 1992, para apenas 24%. O plano Cavallo acabou
por influenciar logo depois o Plano Real aqui no Brasil, principalmente na
paridade com o dólar.
4) Crise Asiática – 1997 - Começou em 1997 na Tailândia,
espalhou-se pelo sudeste da Ásia e pelo Japão, trazendo consequências para o
mercado mundial. Essa crise foi caracterizada pela redução da demanda de bens e
serviços e pela queda da confiança dos investidores. A crise gerou um aumento
na proporção da dívida em relação ao PIB em todos os países diretamente
afetados. O FMI entrou com empréstimos da ordem de 40 bilhões de dólares para
socorrer as economias da Coreia do Sul, Tailândia e Indonésia. No Brasil, o
desdobramento foi o aumento da cotação do dólar, prejudicando milharesa de
consumidores que tinham financiado veículos indexados ao dólar, tendo as suas
prestações aumentadas vertiginosamente o que provocou muitas discussões na
justiça. Em 1999, toda a Ásia já apresnetava sinais claros de recuperação.
8) Crise Mundial - 2001 - Essa
crise é uma decorrência direta do atentado do World Trade Center, no 11 de
setembro, que ocasionou a morte de mais de 3000 pessoas, trazendo um clima de
caça aos terroristas e baixo astral nos mercados mundiais. As bolsas de valores
caíram pelo mundo todo, o preço do petróleo disparou, o dólar desvalorizou-se
frente ao iene, ao euro e à libra. Essa crise não teve maiores desdobramentos
por conta da ação coordenada dos bancos centrais dos principais países e logo
foi superada.
9) 2008 – Crise Mundial - Crise econômica mundial advinda do
estouro da bolha do mercado imobiliário americano, tendo sido inflado nos anos
anteriores, com refinanciamentos sucessivos dos imóveis, levando a um efeito
dominó de quebradeira geral, impactando em sequência mercados no mundo todo. Em
alguns países da periferia, como o Brasil, os efeitos só foram realmente
sentidos alguns anos depois.
10) 2020 – Crise Mundial – COVID19 - Crise mundial associada à pandemia do COVID19,
que se originou na China, espalhando-se no início de 2020 pela Europa, na
Itália e Espanha, e em seguida, o restante da Europa, atingindo, logo em
seguida, os Estados Unidos e o mundo todo, forçando a paralisação da economia
mundial, fazendo com que determinadas economias tenham queda de até 20% no PIB
de alguns países.
Em linha geral, observamos que todas
essas crises do capitalismo mundial aconteceram, em média a cada três anos,
levando, em média, dois anos para dar sinais de recuperação da economia.
Essas crises anteriores mostram que
as crises são inerentes ao sistema capitalista, que o apocalipse ainda não
chegou e que a recuperação de mais essa crise só deve acontecer a partir de
2022.
Em suma, aperte o cinto, trabalhe, não
se desespere, fortaleça-se e espere que a crise é como dor de cabeça, dói, de
vez em quando a gente tem uma, mas passa logo.
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