O QUE ESPERAR DEPOIS DE MAIS UMA CRISE CÍCLICA DO CAPITALISMO?


A grande maioria dos economistas é unânime em avaliar que a crise é inerente ao sistema capitalista. Se nos debruçarmos sobre os últimos 33 anos, vamos encontrar várias crises vividas pelo capitalismo mundial em maior ou menor grau, mas que afetaram o sistema como um todo.

A diferença entre essas crises, na maioria das vezes, é a origem geográfica do problema, tendo diferença se veio da periferia ou do centro do centro do capitalismo mundial: Os Estados Unidos ou China. O demais, é praticamente tudo igual.

Para entendermos melhor esse processo e a relação entre a crise e sua recuperação, vamos relembrar as últimas 10 crises econômicas mundiais, suas origens e seus desdobramentos:

1) Crise Mundial - 1987 - A crise de outubro de 1987 foi uma crise típica do mercado de capitais que após cinco anos de crescimento contínuo, desabou na Bolsa de Nova York na chamada "segunda feira negra", despencando mais de 22% e repercutindo pelas outras bolsas de valores pelo mundo afora. Durante o mê s de outubro desse ano, as bolsas de 19 dos 23 países mais industrializados do mundo despencaram mais de 20%. A crise de 1987 foi atribuída à supervalorização das ações, à queda do dólar e ao aumento do déficit americano. Em setembro de 1989, o mercado acionário mundial mostrou sinais claros de recuperação. O principal desdobramento dessa crise foi a introdução do do "circuit breaking", uma interrupção do funcionamento das transações nas bolsas de valores em caso de grandes oscilações.

           2) Crise Argentina - 1991 – No fim dos anos 80, a Argentina começou a enfrentar a recessão e a hiperinflação. Em 1988, o Produto Interno Bruto (PIB) argentino - soma de todas as riquezas produzidas no país - caiu 1,9%. Em 1989, a queda chegou a 6,2%. A inflação em 1988 foi de 348%. No ano seguinte, chegou perto de 3.100%. A situação era ingovernável e levou à queda do presidente Raúl Alfonsín, que entregou a presidência a Carlos Menem, em 1990. As medidas do governo Menem no ano de 1990 não surtiram efeito, levando a inflação a 2.300% ao ano! O falecido ministro Domingo Cavallo idealizou o plano de Conversibilidade, que derrotou a inflação que caiu em 1991 para 173% e em 1992, para apenas 24%. O plano Cavallo acabou por influenciar logo depois o Plano Real aqui no Brasil, principalmente na paridade com o dólar.


          3) Crise Mexicana - 1995 - Essa crise começou na verdade em dezembro de 1994 quando o recém eleito presidente Ernesto Zedillo anunciou uma maxidesvalorização do peso mexicano após um longo período de câmbio fixo. Na origem da crise, estava o excessivo gasto público, o grande volume de empréstimos bancários viabilizados pelos juros baixos, queda do preço do petróleo no mercado mundial. Esse cenário criou um clima de desconfiança em relação ao México e fez com os investidores internacionais deixassem de financiar a rolagem da dívida externa mexicana, gerando de imediato um aumento do dólar em relação ao peso de quase 100%. No Brasil, o desdobramento dessa crise no México ficou conhecido como efeito "tequila". O governo americano e o FMI trataram de viabilizar reforço de 50 bilhões de dólares em empréstimos para o México. Esse empréstimo estabilizou a cotação do dólar e evitou a moratória mexicana, permitindo que o México alcançasse a recuperação em 1997, pagando o empréstimo de 50 bilhões antecipadamente.

          5) Crise Russa - 1998 - A crise russa surgida em agosto de 1998, caracterizando-se como um desdobramento imediato da crise asiática por conta principalmente da redução da procura e aquisição do petróleo russo que é uma das mais importantes fontes de divisas advindas da sua exportação. O contexto da crise estava embasado em um grande déficit fiscal, despesas desnecessárias com a guerra da Chechênia, altas taxas de juros (superiores a 150%), queda na arrecadação de impostos e naturalmente dificuldades para honrar compromissos públicos, atrasos de mais de 12 bilhões de dólares em salários e greves generalizadas. O FMI e o Banco Mundial chegaram com um suporte da ordem de 22 bilhões de dólares e mesmo assim a bolsa de valores entrou em colapso, o rublo caiu para um terço do valor original, a inflação chegou a 48% ao ano e vários bancos quebraram. O cenário começou a mudar em 1999 com o aumento do preço do barril do petróleo, permitindo o início da recuperação econômica e o reaquecimento do mercado interno. A crise foi contornada em 2000.
        6) Brasil - 1999 - A crise brasileira vem como um desdobramento das duas grandes crises anteriores (asiática e russa) e da grande desvalorização do real frente ao dólar, após vários anos de manutenção da paridade cambial com a moeda norte-americana. As consequências disso: problemas com os contratos indexados ao dólar feitos por particulares e empresas, dificuldades de manter as importações de máquinas e equipamentos, crescimento do desemprego. Após os momentos iniciais, o governo passou a reduzir os juros e a recompor as reservas cambiais. O país passou a dar sinais claros de recuperação em 2000, conseguindo superar mais essa crise.
        7) Argentina - 2000 - A Argentina foi o primeiro país da América Latina a adotar a paridade cambial com o dólar e a tomar medidas liberalizantes no início do anos 90 no governo Menem. Por ser um país emergente, a Argentina sofreu as consequências das crises asiática, russa e do Brasil, sendo claro que, em geral, quando um desses países espirra, o outro gripa. O contexto argentino em 2000 era de aumento do desemprego, crescimento da pobreza e a cobrança de grandes taxas de juros. O FMI interviu com um empréstimo de 40 bilhões de dólares. Em 2001, a Turquia entrou em crise, respingando na Argentina. Protestos de rua, cortes de salários, bloqueio de depósitos bancários ("corralito"), afastamento do presidente De la Rúa e de 3 sucessores dele na presidência em menos de um mês. Implementou-se um lento processo de desdolarização da economia. A posse de Kirchner, em 2003, permitiu a negociação com os credores de condições mais favoráveis, viabilizando uma recuperação que se concretizou apenas em 2006.

A diferença entre essas crises, na maioria das vezes, é a origem geográfica do problema, tendo diferença se veio da periferia ou do centro do centro do capitalismo mundial: Os Estados Unidos ou China. O demais, é praticamente tudo igual.

Para entendermos melhor esse processo e a relação entre a crise e sua recuperação, vamos relembrar as últimas 10 crises econômicas mundiais, suas origens e seus desdobramentos:

1) Crise Mundial - 1987 - A crise de outubro de 1987 foi uma crise típica do mercado de capitais que após cinco anos de crescimento contínuo, desabou na Bolsa de Nova York na chamada "segunda feira negra", despencando mais de 22% e repercutindo pelas outras bolsas de valores pelo mundo afora. Durante o mê s de outubro desse ano, as bolsas de 19 dos 23 países mais industrializados do mundo despencaram mais de 20%. A crise de 1987 foi atribuída à supervalorização das ações, à queda do dólar e ao aumento do déficit americano. Em setembro de 1989, o mercado acionário mundial mostrou sinais claros de recuperação. O principal desdobramento dessa crise foi a introdução do do "circuit breaking", uma interrupção do funcionamento das transações nas bolsas de valores em caso de grandes oscilações.

2) Crise Argentina - 1991 – No fim dos anos 80, a Argentina começou a enfrentar a recessão e a hiperinflação. Em 1988, o Produto Interno Bruto (PIB) argentino - soma de todas as riquezas produzidas no país - caiu 1,9%. Em 1989, a queda chegou a 6,2%. A inflação em 1988 foi de 348%. No ano seguinte, chegou perto de 3.100%. A situação era ingovernável e levou à queda do presidente Raúl Alfonsín, que entregou a presidência a Carlos Menem, em 1990. As medidas do governo Menem no ano de 1990 não surtiram efeito, levando a inflação a 2.300% ao ano! O falecido ministro Domingo Cavallo idealizou o plano de Conversibilidade, que derrotou a inflação que caiu em 1991 para 173% e em 1992, para apenas 24%. O plano Cavallo acabou por influenciar logo depois o Plano Real aqui no Brasil, principalmente na paridade com o dólar.

4) Crise Asiática  – 1997 - Começou em 1997 na Tailândia, espalhou-se pelo sudeste da Ásia e pelo Japão, trazendo consequências para o mercado mundial. Essa crise foi caracterizada pela redução da demanda de bens e serviços e pela queda da confiança dos investidores. A crise gerou um aumento na proporção da dívida em relação ao PIB em todos os países diretamente afetados. O FMI entrou com empréstimos da ordem de 40 bilhões de dólares para socorrer as economias da Coreia do Sul, Tailândia e Indonésia. No Brasil, o desdobramento foi o aumento da cotação do dólar, prejudicando milharesa de consumidores que tinham financiado veículos indexados ao dólar, tendo as suas prestações aumentadas vertiginosamente o que provocou muitas discussões na justiça. Em 1999, toda a Ásia já apresnetava sinais claros de recuperação.

 

             8) Crise Mundial - 2001 - Essa crise é uma decorrência direta do atentado do World Trade Center,  no 11 de setembro, que ocasionou a morte de mais de 3000 pessoas, trazendo um clima de caça aos terroristas e baixo astral nos mercados mundiais. As bolsas de valores caíram pelo mundo todo, o preço do petróleo disparou, o dólar desvalorizou-se frente ao iene, ao euro e à libra. Essa crise não teve maiores desdobramentos por conta da ação coordenada dos bancos centrais dos principais países e logo foi superada.

            9) 2008 – Crise Mundial - Crise econômica mundial advinda do estouro da bolha do mercado imobiliário americano, tendo sido inflado nos anos anteriores, com refinanciamentos sucessivos dos imóveis, levando a um efeito dominó de quebradeira geral, impactando em sequência mercados no mundo todo. Em alguns países da periferia, como o Brasil, os efeitos só foram realmente sentidos alguns anos depois.

            10) 2020 – Crise Mundial – COVID19 -  Crise mundial associada à pandemia do COVID19, que se originou na China, espalhando-se no início de 2020 pela Europa, na Itália e Espanha, e em seguida, o restante da Europa, atingindo, logo em seguida, os Estados Unidos e o mundo todo, forçando a paralisação da economia mundial, fazendo com que determinadas economias tenham queda de até 20% no PIB de alguns países.

Em linha geral, observamos que todas essas crises do capitalismo mundial aconteceram, em média a cada três anos, levando, em média, dois anos para dar sinais de recuperação da economia.

Essas crises anteriores mostram que as crises são inerentes ao sistema capitalista, que o apocalipse ainda não chegou e que a recuperação de mais essa crise só deve acontecer a partir de 2022.

Em suma, aperte o cinto, trabalhe, não se desespere, fortaleça-se e espere que a crise é como dor de cabeça, dói, de vez em quando a gente tem uma, mas passa logo.

 


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